Embora vivendo num mundo envolvido num grande conflito, Deus tem colocado à nossa disposição, meios poderosos com os quais podemos ser mais do que vencedores. Um destes meios é o jejum. Esta prática nos coloca em íntimo contato com o Deus onipotente, a ponto de ligar nossa mão finita à mão infinita, nos tornando durante esta ligação, tão onipotentes quanto o próprio Deus.
A mais fascinante experiência concedida a um mortal, é a de ser um instrumento nas mãos de um Deus Todo Poderoso, e executar os atos da Divindade. Através desta experiência, homens abriram o mar; fizeram que da rocha brotasse água; que do céu caísse fogo; curaram os enfermos com o toque de sua mão ou até mesmo com sua sombra; expulsaram demônios; ressuscitaram mortos; multiplicaram alimentos; deteram o sol, bem como o fizeram retroceder. Como meros mortais puderam realizar obras tão grandiosas? Como puderam ter em suas mãos o controle dos elementos da natureza e da própria vida? Através da sua ligação com um poder infinito, através de uma comunhão de fé que abriu as comportas “dos celeiros do céu, onde se acham armazenados todos os recursos da onipotência”.
Quando buscamos a Deus com jejum e oração, não mudamos a mente de Deus, mas a nossa. O jejum nos faz mais aptos para receber, do que faz Deus mais pronto a conceder.
Temos exemplos vívidos do poder que advém do jejum, na vida de homens como Moisés que jejuou 40 dias (Êxodos 34:28), Esdras – 3 dias (Esdras 10:6), Elias – 40 dias (I Reis 19:8), Daniel – 21 dias (Daniel 10:3), Paulo – 3 dias (Atos 9:9), Cristo – 40 dias (Lucas 4:2). Quando estas pessoas passavam dias sem se alimentarem, ou noites gastas em oração, voltavam desses períodos mais fortalecidos do que antes, mais dispostos do que se tivessem gasto estas horas dormindo. Eles foram verdadeiramente sustentados pela companhia do Senhor.
Contudo, há vários pontos sobre o jejum que devemos considerar, para que tenhamos uma visão completa e coerente sobre esta importante prática do viver cristão.
Primeiramente, devemos compreender quais são os objetivos do jejum. De acordo com a orientação e exemplos conhecidos da Palavra de Deus, descobrimos os seguintes objetivos:
1º Ter a mente desimpedida da sobrecarga que o processo digestivo exige, para facilitar a comunhão, a meditação e a reflexão com Deus.
2º Mostrar a Deus e provar para nós mesmos, que aquilo que pedimos, ou as vitórias que almejamos, são realmente de suma importância para nós. Muitas vezes não sabemos exatamente o que queremos, e num período de jejum, nossa mente se abre, ouvimos o nosso próprio coração e a voz de Deus, que nos convence da necessidade ou não, daquilo que desejamos.
3º Separar um momento especial que nos desligue do trivial e secular, e nos coloque numa atmosfera mais intensamente espiritual.
4º Adquirir mais disciplina e controle sobre nossos desejos e nossa vontade. Quando dominamos nosso apetite, assumimos um domínio saudável sobre nossa vontade, colocando-a em submissão à vontade divina.
5º Conceder ao sistema digestivo uma pausa para descanso. Muitas enfermidades podem ser evitadas e até curadas, com um período saudável de abstenção de alimentos.
6º Acima de tudo, nos colocar num íntimo e intensivo contato com Deus. Quando perturbado pela tentação, quando em necessidade de vencer um pecado acariciado, ou um hábito por anos arraigado, quando diante de uma grande provação, ou uma importante decisão, nada poderá ser mais efetivo em nossa vida do que estar bem perto de Jesus através do jejum e oração.
Agora, quanto à duração do jejum, não podemos estabelecer o mesmo tempo para todas as pessoas, pois o mesmo depende da constituição e do estado físico de cada um. Existem então alguns fatores que devemos levar em consideração, antes de estabelecermos um período de jejum que seja mais adequado com a nossa realidade.
1º O estado de saúde. Para que o jejum tenha o efeito desejado, a pessoa tem que estar bem fisicamente, pois caso contrário vai debilitar tanto a pessoa, que ela não terá disposição para comungar com Deus.
2º A constituição física. Nem todos podem suportar um jejum de 24 horas, devido sua estrutura física. Uma pessoa muito magra, desnutrida, ou mal desenvolvida não pode passar por um período longo sem se alimentar.
3º A atividade física. Uma pessoa que exerce um trabalho braçal, tem necessidade alimentícia diferente de uma pessoa de vida sedentária.
Levando tudo isto em consideração, podemos então estabelecer os motivos e a duração do jejum, obedecendo os critérios acima mencionados. Sendo assim, a duração do jejum pode ser de 24, 12, ou até de 6 horas, e pode ser também de total abstenção de alimentos sólidos ou líquidos, como pode também ser de abstenção parcial tanto de líquidos quanto de sólidos.
Certas pessoas podem ficar em total abstenção e mesmo assim não perder sua disposição mental e física. Outros já não conseguem ter a concentração e disposição necessárias, devido o despreparo do seu corpo ou a fraqueza que o jejum total pode provocar nelas. Neste caso, ela pode tanto diminuir o tempo do jejum, como pode se alimentar com algo bem leve como, frutas, sucos ou algum tipo de alimento que não sobrecarregue o organismo e ao mesmo tempo alimente, ainda que levemente.
“Pode não ser requerida a completa abstinência de alimento, mas devem comer parcamente, do alimento mais simples”. (CSRA 188-9)
Outro ponto a considerar é o costume da pessoa em relação ao jejum. Se a pessoa nunca jejuou, ela pode começar com um jejum de tempo reduzido, ou de abstenção parcial, e paulatinamente ir estendendo a duração e a abstenção de alimentos, de acordo com a sua realidade, até chegar à compreensão do seu limite.
Devemos sempre nos lembrar que a forma e a duração do jejum, só podem ser estabelecidos pela própria pessoa, sem jamais ser legislado e imposto por outros. Também não é preciso que seja anunciado publicamente por palavras, nem por um rosto abatido e triste, pois esta é uma experiência particular entre Deus e o adorador. Sendo assim, o jejum deve trazer alegria, confiança e entusiasmo na vida daquele que participa desta experiência maravilhosa com seu Criador (Mateus 6:16-18).
*Esse texto faz parte do acervo da Escola Bíblica